De vez em quando aparece na constelação cinematográfica uma estrela
que reluz mais do que as outras. Algumas vezes não percebemos seu brilho,
tamanha sua intensidade. Este é o caso de Jafar Panahi, que depois de Abbas Kiarostami,
é o cineasta iraniano mais conhecido no ocidente.
Para alguns o cinema é um instrumento de reflexão sobre a realidade.
Para outros é puro entretenimento. Para Jafar Panahi, cinema é a arte da
resistência. Autor de uma cinematografia crítica que sempre direcionou suas
narrativas contra o sistema político do Irã, ele conseguiu criar um conjunto de
filmes extremamente prestigiados nos festivais internacionais.
Toda essa repercussão que ele conseguiu nos principais circuitos cinematográficos mundiais acabou se transformando, ironicamente, em motivo de
perseguição política. Em 2010 Jafar Panahi foi condenado a seis anos de prisão
e proibido de filmar por 20 anos. Entre idas e vindas da cadeia ele conquistou,
pelo menos, o direito de cumprir pena em prisão domiciliar.
Em 2011 o diretor conseguiu burlar a proibição de filmar e
contrabandeou o documentário “Isto não é um Filme” para o Festival de Cannes. O
filme, que chegou à frança num pendrive escondido num bolo, ironizava e
denunciava sua condição de artista preso na própria casa.
Agora ele desafia mais uma vez a justiça iraniana e lança “Cortinas Fechadas”,
docudrama metafórico onde ele intensifica a crítica à sua falta de liberdade
criativa. É um filme sobre o fazer artístico e sobre pessoas que se valem de
todas as armas para continuarem se expressando.
Gravado escondido, com poucos atores e material técnico escasso,
“cortinas fechadas” é uma obra simples e singela que tem total consciência de
condição de manifesto. É o cinema assumindo sua qualidade utópica de agente
modificador da sociedade.
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