Wednesday, December 23, 2009

“O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL OU MAIS UMA HISTÓRIA DE PAPAI NOEL”



Texto: Fernando Tibúrcio


Se você me perguntar qual o verdadeiro sentido do natal, vou me valer da bela animação “O Expresso Polar”, dirigida por Robert Zemeckis, e te responder com outra pergunta. Você já ouviu hoje o som do mágico guiso de natal?


Uma das maiores doenças da contemporaneidade foi transformar o natal numa festa piegas e hipócrita. O consumismo desenfreado e a pequenez humana tomaram conta do que significa esta data.


Festa cristã o natal traz em sua essência alguns símbolos quase imutáveis como o Papai Noel. O problema é que a maioria das pessoas não sabe e nem se interessa pela origem deste mítico personagem, ligando-o apenas à entrega de presentes.


O bom velhinho na realidade é uma transposição da figura de São Nicolau de Mira para nossa festa de natal. Nascido na Turquia no século III e conhecido como acolhedor de pobres e principalmente de crianças este santo ganhou as vestes (se eram vermelhas ou não isto pouco importa), e o nome de Papai Noel.


Esta semana tive a grata oportunidade de entrevistar o frei Cláudio Van Balen, Vigário da Igreja do Carmo em Belo Horizonte. Apesar de ligado à Igreja Católica ele é uma pessoa de mente aberta, sem os dogmas e fundamentalismos que regem a maioria das religiões.


Para explicar a importância da árvore de natal o frei citou o profeta Isaías: “Da cepa brotou a rama. Da rama brotou a flor”, segundo frei Cláudio isto significa que de um tronco velho nasce algo novo, que Jesus nascendo de um homem (José) e de uma mulher (Maria) representa um novo caminho que surge no meio dos homens. Ou seja, a “Boa Nova”.


“Natal é acima de tudo renascimento, é uma festa da natureza do cosmos. É quando todos os elementos do universo estão em harmonia”. Afirma o frei. E ele vai além, “Jesus não está ligado e nem fundou nenhuma religião. Ele iniciou um movimento de confraternização entre os homens, baseado na fé. Não esta fé dogmática e fundamentalista, mas numa fé racional. Isto tudo parece que foi esquecido”.




“Mas eu digo a vocês que estão me ouvindo: Amem os seus inimigos, façam bem aos que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam. Se alguém lhe bater numa face, ofereça-lhe também a outra. Se alguém lhe tirar a capa, não o impeça de tirar-lhe a túnica... Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles. Que mérito vocês terão, se amarem aos que os amam?"


Lucas 6:27-36


Este pensamento me remete imediatamente a outras proféticas palavras:



“Imagine se não existisse nenhum país...

Nenhum motivo para matar ou morrer

E nem religião, também,

Imagine todas as pessoas

Vivendo a vida em paz.

Você pode dizer que eu sou um sonhador

Mas não sou o único

Espero que um dia você se junte a nós

E o mundo será um só”.


John Lennon



Então já ouviu o som do m
ágico guiso de natal hoje?









Monday, December 21, 2009

FINALMENTE CHEGOU!!!

Texto: Fernando Tibúrcio

Para quem viveu a década de 80 em toda sua essência, uma ótima notícia é o lançamento – FINALMENTE – da trilogia Karatê Kid em DVD. Os três filmes estrelado por Ralph Macchio e Pat Morita ganham um merecido box. O destaque são para os extras que estão no DVD do primeiro Karatê Kid (Especial Karatê KidI e II; A Arte do Karatê; A Música de Karatê Kid e a Vida do Bonsai), uma verdadeira viagem no tempo para os fãs deste eterno clássico.

P.S.: Prometo uma resenha sobre o filme em breve. Com certeza ele merece!

Tuesday, December 15, 2009

ALMODÓVAR NUNCA ERRA?

Texto: Fábio Ávila Arcanjo

As verdades absolutas são quase sempre nocivas em qualquer tipo de texto, pois elas partem de um clichê e generalizam determinado juízo de valor deixando o espírito crítico contaminado. Geralmente, é possível encontrar pessoas que utilizam tais verdades para analisar trabalhos de alguns diretores. Afirmações como “Os grandes filmes do Spielberg estão no passado”; “Woody Allen sempre acerta” são lugares-comuns e não contribuem para a construção de uma análise bem feita.

Todo esse prólogo tem como objetivo tentar evitar cair nesses clichês ao analisar o novo filme de um diretor idolatrado cujo conjunto da obra justifica todo esse culto que é prestado. Estou falando de Pedro Almodóvar e seu novo grande filme, “Abraços partidos”. A frase feita geralmente atribuída ao espanhol é a seguinte: “Almodóvar nunca erra”.

E querem saber de uma coisa? É muito difícil contestar essa afirmação, ainda mais pra mim que sou fã confesso da obra desse genial cineasta. Muitas pessoas afirmaram que “Abraços partidos” esta longe de ser o seu grande trabalho. Apesar de concordar relativamente com a afirmativa, é inegável que o filme tem grande valor em sua extensa filmografia. Elementos característicos estão mais uma vez presentes, como: paixões avassaladoras, reviravoltas surpreendentes, amores, desamores, traições. Há um diálogo muito intensificado com “A Má Educação” (2004), em minha opinião, um dos melhores filmes do diretor, pois “Abraços Partidos” é extremamente metalingüístico, na medida em que ele analisa o fazer cinema.

O filme tem como figura central, uma personagem masculina, embora a participação da musa do cineasta, Penélope Cruz, seja muito significativa. Lluís Homar, em atuação impressionante, interpreta Mateo Blanco, um cineasta que fica obcecado por sua atriz principal, Lena e acaba vivendo um romance tórrido com ela. Porém, um acidente de carro muda toda a trajetória do diretor que acaba ficando cego. A perda da visão, sentido vital para um diretor de cinema, configura-se em uma mudança na identidade de Mateo que acaba adotando um nome peculiar: Harry Caine e se dedica a escrever, ajudado por sua assistente Judit, a excelente Blanca Portillo e pelo filho dela, Diego (interpretado por Tomás Navas). A entrada de um misterioso personagem intitulado Ray X é o catalisador para que muitas verdades surjam à tona. A cena em que Judit revela para Mateo e Diego alguns segredos que estavam enterrados é impressionante e demonstra a grande capacidade que Almodóvar tem em dirigir seus atores. Blanca Portillo está impecável, mas o destaque fica por conta de Lluís Homar, que havia feito uma participação pequena, mas significativa em “Má Educação”. Em “Abraços partidos”, o ator espanhol confere uma atuação que é digna de louvor.

A produção faz diversos saltos no tempo, o que não atrapalha em nada a fluidez do roteiro. Apesar de possui uma aura trágica, existe um alívio cômico que se faz presente no filme que Mateo Blanco dirige, pois se trata de uma comédia e o diretor faz um interessante contraponto entre a narrativa dramática e a cômica. Inevitável não lembrar de Melinda e Melinda (2005), do grande Woody Allen, mas aqui, diferentemente do trabalho do cineasta americano, Almodóvar não foca as suas lentes para a diferenciação entre os dois estilos, ele apenas utiliza esse elemento para enriquecer a sua bem acabada estória.

Eu costumo dizer que tenho certa inveja das pessoas que puderam assistir no cinema o lançamento de obras de Federico Fellini, Billy Wilder, Luchino Visconti, entre outros. Porém, é um alívio saber que existem diretores como Pedro Almodóvar, que além de atenuar esse tipo de frustração, conseguem transformar o simples ato de assistir um filme em algo indescritível.