Darren Aronofsky é com certeza um dos mais talentosos diretores do
cinema atual. Ele nasceu em Nova York e se formou na universidade de Harvard,
onde estudou cinema, interpretação e animação e desde o início adotou um estilo
que mescla magistralmente sentimento e razão.
Perfeccionista como poucos ele começou a criar o
conceito de seu primeiro filme em 1996. Dois anos depois chegava aos cinemas o
perturbador “Pi”. Utilizando uma técnica conhecida como Hip Hop Montage, que
vai marcar toda sua carreira, ele estabelece um padrão para o símbolo que dá
nome ao filme, e vai gradativamente se aprofundando na loucura de seu
protagonista.
E a loucura acabou se tornando quase uma obsessão para
o cineasta, de uma forma ou de outra ela sempre está presente em seus
trabalhos. Em “Réquiem para um Sonho” o desequilíbrio mental tem como ponto
chave o mundo das drogas. Já num de seus mais elogiados filmes, “Cisne Negro”,
ele traz tons ainda mais nefastos para o balé “O Lago dos Cisnes”, de Tchaicovsky.
À medida que acompanhamos o sacrifício de uma bailarina em busca da perfeição,
mergulhamos nos pesadelos da personagem.
Sem nunca deixar de lado esse embate entre o real e o imaginário, em
certo momento ele volta suas lentes para o próprio homem. No belíssimo “Fonte
da Vida”, Aronofsky aborda a eterna busca pela imortalidade e por respostas
fundamentais para a existência. Já com o tocante “O Lutador” o cineasta torna
explícita toda fragilidade de seu protagonista que teima em viver num passado
glorioso, mas que inevitavelmente se vê obrigado e lidar com seu verdadeiro
ringue: a própria vida.
Intimista e ao mesmo tempo inquieto, Darren Aronofsky está sempre nos
colocando contra a parede. Mesmo em “Noé”, produção um pouco diferente de seus
outros trabalhos, ele questiona a própria natureza do ser humano. Abraçando o
criacionismo e o evolucionismo (fato explicitado numa belíssima sequência em
que acompanhamos todo processo de evolução da terra) ele pergunta: em nossa
essência somos bons ou maus? Qual o nosso papel perante o desenvolvimento do
planeta?
Assistir a filmes com a assinatura de Darren Aronofsky nunca é uma
experiência enfadonha. Independente da produção ele não se cansa de nos
conduzir pelas suas viagens existencialistas. E ainda que você não concorde, é
impossível ficar impassível diante das imagens que ele destila pela tela do
cinema.