Wednesday, April 09, 2014

OS DILEMAS DE ARONOFSKY

Darren Aronofsky é com certeza um dos mais talentosos diretores do cinema atual. Ele nasceu em Nova York e se formou na universidade de Harvard, onde estudou cinema, interpretação e animação e desde o início adotou um estilo que mescla magistralmente sentimento e razão.

Perfeccionista como poucos ele começou a criar o conceito de seu primeiro filme em 1996. Dois anos depois chegava aos cinemas o perturbador “Pi”. Utilizando uma técnica conhecida como Hip Hop Montage, que vai marcar toda sua carreira, ele estabelece um padrão para o símbolo que dá nome ao filme, e vai gradativamente se aprofundando na loucura de seu protagonista.

E a loucura acabou se tornando quase uma obsessão para o cineasta, de uma forma ou de outra ela sempre está presente em seus trabalhos. Em “Réquiem para um Sonho” o desequilíbrio mental tem como ponto chave o mundo das drogas. Já num de seus mais elogiados filmes, “Cisne Negro”, ele traz tons ainda mais nefastos para o balé “O Lago dos Cisnes”, de Tchaicovsky. À medida que acompanhamos o sacrifício de uma bailarina em busca da perfeição, mergulhamos nos pesadelos da personagem.

Sem nunca deixar de lado esse embate entre o real e o imaginário, em certo momento ele volta suas lentes para o próprio homem. No belíssimo “Fonte da Vida”, Aronofsky aborda a eterna busca pela imortalidade e por respostas fundamentais para a existência. Já com o tocante “O Lutador” o cineasta torna explícita toda fragilidade de seu protagonista que teima em viver num passado glorioso, mas que inevitavelmente se vê obrigado e lidar com seu verdadeiro ringue: a própria vida.

Intimista e ao mesmo tempo inquieto, Darren Aronofsky está sempre nos colocando contra a parede. Mesmo em “Noé”, produção um pouco diferente de seus outros trabalhos, ele questiona a própria natureza do ser humano. Abraçando o criacionismo e o evolucionismo (fato explicitado numa belíssima sequência em que acompanhamos todo processo de evolução da terra) ele pergunta: em nossa essência somos bons ou maus? Qual o nosso papel perante o desenvolvimento do planeta?

Assistir a filmes com a assinatura de Darren Aronofsky nunca é uma experiência enfadonha. Independente da produção ele não se cansa de nos conduzir pelas suas viagens existencialistas. E ainda que você não concorde, é impossível ficar impassível diante das imagens que ele destila pela tela do cinema.