Monday, August 18, 2014

Termina a 42ª edição do Festival de Gramado

O cinema brasileiro vem, gradativamente, mostrando uma diversidade que espelha a própria cultura do país. Um bom exemplo disso são os vencedores da 42ª segunda edição do Festival de Gramado, que terminou no último sábado, 16 de agosto. Ao todo foram oito concorrentes a melhor filme, produções bem diferentes umas das outras.

Narrando a inusitada história de um homem de 92 anos que decide passar a noite com uma mulher 55 anos mais nova,“A Despedida”, de Marcelo Galvão venceu  em quatro categorias, Melhor Diretor, Fotografia, Ator, para Nelson Xavier e Atriz, para Juliana Paes.

O prêmio de Melhor Filme, segundo a imprensa, ficou com a comédia musical “Sinfonia da Necrópole”. Já para o público o melhor filme foi o infanto-juvenil “O Segredo dos Diamantes”, de Helvécio Ratton.

Mas o grande vencedor da noite foi o épico “A Estrada 47”. O longa-metragem que levou o Kikito de Cristal de Melhor Filme é uma co-produção entre Brasil, Portugal e Itália e conta a histórias de pracinhas brasileiros durante a segunda guerra mundial.

Monday, August 11, 2014

RESISTIR É PRECISO - O CINEMA DE JAFAR PANAHI

De vez em quando aparece na constelação cinematográfica uma estrela que reluz mais do que as outras. Algumas vezes não percebemos seu brilho, tamanha sua intensidade. Este é o caso de Jafar Panahi, que depois de Abbas Kiarostami, é o cineasta iraniano mais conhecido no ocidente.

Para alguns o cinema é um instrumento de reflexão sobre a realidade. Para outros é puro entretenimento. Para Jafar Panahi, cinema é a arte da resistência. Autor de uma cinematografia crítica que sempre direcionou suas narrativas contra o sistema político do Irã, ele conseguiu criar um conjunto de filmes extremamente prestigiados nos festivais internacionais.

Toda essa repercussão que ele conseguiu nos principais circuitos cinematográficos mundiais acabou se transformando, ironicamente, em motivo de perseguição política. Em 2010 Jafar Panahi foi condenado a seis anos de prisão e proibido de filmar por 20 anos. Entre idas e vindas da cadeia ele conquistou, pelo menos, o direito de cumprir pena em prisão domiciliar.

Em 2011 o diretor conseguiu burlar a proibição de filmar e contrabandeou o documentário “Isto não é um Filme” para o Festival de Cannes. O filme, que chegou à frança num pendrive escondido num bolo, ironizava e denunciava sua condição de artista preso na própria casa.

Agora ele desafia mais uma vez a justiça iraniana e lança “Cortinas Fechadas”, docudrama metafórico onde ele intensifica a crítica à sua falta de liberdade criativa. É um filme sobre o fazer artístico e sobre pessoas que se valem de todas as armas para continuarem se expressando.

Gravado escondido, com poucos atores e material técnico escasso, “cortinas fechadas” é uma obra simples e singela que tem total consciência de condição de manifesto. É o cinema assumindo sua qualidade utópica de agente modificador da sociedade.


Monday, August 04, 2014

GUARDIÕES DA GALÁXIA

Desde que a Marvel se estabeleceu como estúdio de cinema ela vem criando uma espécie de gênese cinematográfica. Todos os seus personagens estão ligados de alguma forma. Homem de Ferro, O Incrível Hulk, Thor e Capitão América funcionam separadamente, mas na realidade fazem parte de uma grande história.

Continuando sua jornada cinematográfica a Marvel lança aquele que é, sem a menor dúvida, seu projeto mais ambicioso, “Guardiões da Galáxia”. Ambicioso porque o filme não tem nenhum de seus personagens mais populares, ou seja, aposta mais do que audaciosa. E para a surpresa de muita gente esta talvez seja a melhor adaptação que o estúdio já realizou.

Guardiões é uma daquelas raras exceções que assumem, sem constrangimento, seu caráter de entretenimento, e digo isso sem nenhum sentido pejorativo, é entretenimento e de ótima qualidade.

A história gira em torno de um grupo de heróis desajustados e ambíguos que por mera coincidência acabam se reunindo na tentativa de salvar a galáxia. Falando assim parece uma historinha boba cheia de clichês, mas o desenvolvimento dela é excepcional.

Dirigido por James Gunn o filme tem um tom irônico e farsesco e um humor ácido que encanta e prende a atenção do público desde o começo. E o mais interessante é que grande parte desse sucesso se deve a dois personagens gerados totalmente por computação gráfica, o guaxinim Rocky, que tem a voz do ator Bradley Cooper, e a árvore ambulante Groot, melhor interpretação de Vin Diesel em toda sua carreira.

Homenageando as cine-séries dos anos 40 guardiões da galáxia, não por acaso, se aproxima por diversas vezes de um clássico da ficção científica, star wars, o original de 1977. Se tudo isso não bastasse ainda tem a magnífica trilha sonora que traz grandes nomes da música pop dos anos 70 e 80, como Jackson Five e que ainda tem papel significativo na sub-trama do filme.

Fortíssimo candidato a se tornar uma daquelas produções cult, Guardiões da Galáxia vale cada centavo pago em seu ingresso. É só deixar a caretice de lado e mergulhar nessa deliciosa aventura.


Wednesday, April 09, 2014

OS DILEMAS DE ARONOFSKY

Darren Aronofsky é com certeza um dos mais talentosos diretores do cinema atual. Ele nasceu em Nova York e se formou na universidade de Harvard, onde estudou cinema, interpretação e animação e desde o início adotou um estilo que mescla magistralmente sentimento e razão.

Perfeccionista como poucos ele começou a criar o conceito de seu primeiro filme em 1996. Dois anos depois chegava aos cinemas o perturbador “Pi”. Utilizando uma técnica conhecida como Hip Hop Montage, que vai marcar toda sua carreira, ele estabelece um padrão para o símbolo que dá nome ao filme, e vai gradativamente se aprofundando na loucura de seu protagonista.

E a loucura acabou se tornando quase uma obsessão para o cineasta, de uma forma ou de outra ela sempre está presente em seus trabalhos. Em “Réquiem para um Sonho” o desequilíbrio mental tem como ponto chave o mundo das drogas. Já num de seus mais elogiados filmes, “Cisne Negro”, ele traz tons ainda mais nefastos para o balé “O Lago dos Cisnes”, de Tchaicovsky. À medida que acompanhamos o sacrifício de uma bailarina em busca da perfeição, mergulhamos nos pesadelos da personagem.

Sem nunca deixar de lado esse embate entre o real e o imaginário, em certo momento ele volta suas lentes para o próprio homem. No belíssimo “Fonte da Vida”, Aronofsky aborda a eterna busca pela imortalidade e por respostas fundamentais para a existência. Já com o tocante “O Lutador” o cineasta torna explícita toda fragilidade de seu protagonista que teima em viver num passado glorioso, mas que inevitavelmente se vê obrigado e lidar com seu verdadeiro ringue: a própria vida.

Intimista e ao mesmo tempo inquieto, Darren Aronofsky está sempre nos colocando contra a parede. Mesmo em “Noé”, produção um pouco diferente de seus outros trabalhos, ele questiona a própria natureza do ser humano. Abraçando o criacionismo e o evolucionismo (fato explicitado numa belíssima sequência em que acompanhamos todo processo de evolução da terra) ele pergunta: em nossa essência somos bons ou maus? Qual o nosso papel perante o desenvolvimento do planeta?

Assistir a filmes com a assinatura de Darren Aronofsky nunca é uma experiência enfadonha. Independente da produção ele não se cansa de nos conduzir pelas suas viagens existencialistas. E ainda que você não concorde, é impossível ficar impassível diante das imagens que ele destila pela tela do cinema.  



Thursday, March 27, 2014

NOVOS DETALHES SOBRE INTERESTELAR DE CHRISTOPHER NOLAN

A nova ficção científica de Christopher Nolan (A Origem), estreia no final deste ano, mas o diretor ainda prefere não revelar muita coisa sobre a produção. Mesmo assim, ele respondeu as perguntas que jornalistas fizeram sobre o filme durante a CinemaCon, em Las Vegas (EUA).
O longa é baseado em teorias científicas do astrofísico Kip Thorne e apresenta a trajetória de um grupo de exploradores que viajam através de um buraco do tempo para entrar em outra dimensão. Nolan confirmou que a trama focará nos chamados “buracos de minhoca”, que tornam possíveis essas viagens, e disse que o tom da história será bem diferente daquele presente em seus trabalhos anteriores.
O cineasta também declarou que a maioria das cenas de Interestelar foram rodadas com câmeras IMAX e prometeu uma experiência cinematográfica aurática para os espectadores: “Estamos fazendo parcerias com estúdios e exibidores, porque acredito que os aspectos técnicos desse filme são mais importantes que os de qualquer outro que eu já fiz. Temos planos ambiciosos para que os donos de cinema consigam oferecer às audiências uma experiência realmente imersiva”. Apesar da utilização do IMAX, Nolan reforçou seus comentários pouco simpáticos ao 3D e disse que essa tecnologia não é a melhor para espectadores em uma mesma sala de cinema.
Além disso, o diretor falou que tentou evitar o uso de computação gráfica o máximo possível. Ele filmou várias sequência em cenários que se pareciam muito com o interior de espaçonaves e posicionou monitores com imagens reais do lado de fora para que os atores pudessem ver o que os personagens estariam observando. “Rodamos as cenas como um documentário, como se realmente estivéssemos lá, e acho que isso contribuiu muito para o desempenho dos atores, que conseguiram entender o que estavam fazendo”, afirmou.
Em relação ao elenco, Nolan elogiou Michael Caine (Batman Begins), que participou de vários de seus longas, e contou que ele é seu “amuleto da sorte”: “Gosto de escalar Caine para meus filmes para que ele seja um exemplo para os outros atores. Se todos trabalharem tão bem como ele, o resultado só pode ser positivo”.
Sobre Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas), o cineasta comentou que precisava de uma pessoa comum no papel principal para que os espectadores se identificassem e acompanhassem a história pelos olhos dela. “Matthew possui essas qualidades e ele é uma presença carismática fenomenal. Estou muito animado com sua atuação, que é extraordinária”, garantiu.
Além de Caine e McConaughey, Interestelar será estrelado por Jessica Chastain (A Hora Mais Escura), Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada), Casey Affleck (Medo da Verdade) e Wes Bentley (Beleza Americana).

Fonte: Cinema em Cena

Tuesday, March 27, 2012

Chocolate - Meninas dão porrada!



Nem só de maquiagem e creminhos vive uma mulher... gosto de um monte de coisas do mundo masculino, dentre essas, filmes de porrada! A algum tempo atrás vi um ótimo, "Chocolate" (também conhecido como Chocolate Fighter) de 2008. Muito bakana porque a protagonista é uma menina que bate por metro quadrado!

O roteiro é mais ou menos e explico: praticamente não temos filmes em que a protagonista seja o ás da luta marcial e quando acontece, a garota é autista. Nada contra, que fique claro, mas por que a garota precisa ser especial para ser uma foda em lutas? Mais a frente do filme, vemos que ela é inigualável e não existem oponentes para ela... Até que surge um... que para ser oponente, é também um garoto especial. Precisa ser assim? Apesar disso,  o roteiro tem sacadinhas engraçadas e um personagem "escada" (Moon) que é bem legalzinho. Salva!




O que verdadeiramente me impressionou foi a técnica de luta para cinema! Conta-se que tiveram muitos problemas de produção das sequências, já que haviam de fazer adaptações para que a garota pudesse "encarar" os caras de verdade, ou pelo menos parecer de verdade. Mas JeeJa Yanin (Zen adolescente) dá conta do recado!




A edição é bem bakana, rápida como deve ser, com vários cortes e sequências ótimas. Os momentos "on the beat" (em que trilha e corte aparecem juntos) acontecem bastante, contribuindo para a ação. Mas o legal mesmo são as sequencias finais de batalha (vira isso mesmo), onde não exite trilha sonora, somente  efeitos de som que acompanham a luta e os cortes dados por várias câmeras. Vale uma sequencia feita nas paredes de um prédio (!), que me lembrou muito o video game Shinobi (o de fliperama, que fique claro), porque não para de sair gente pelas janelas e portas do lado externo do prédio. Muito bom!


Os tailandeses não economizam para fazer cinema de artes marciais, mesmo não tendo orçamentos gigantescos como os americanos. Entretanto, isso não impedirá que você veja cenas incríveis em vários ângulos de câmera e com direito um momento lúdico: o sonho 3d de vídeo game que Zen tem pouco antes de descobrir que sabe mesmo lutar!


Sinopsezinha: Zin, uma mulher de beleza exótica e parte da máfia tailandesa, se apaixona por Masashi, um gangster japonês, de passagem pela Tailândia. 

Quando o chefe (e namorado) de Zin descobre que está sendo traído, o bicho pega! Zin, temerosa, manda Masashi voltar para o Japão. 

Grávida, foge para ter sua filha em paz. Assim que a criança nasce, Zin descobre que a filha é autista e deixa tudo para viver exclusivamente para a garota. Contudo, a menina parece ter uma grande atenção para as artes marciais. Ela desenvolve seu dom, mostrando reflexos rápidos e absorvendo tudo o que vê. Lógico que é muito mais que isso... mas vale a pena, então procura pra ver!

Beijos e até o próximo <3

Monday, February 06, 2012

DUAS VEZES SPIELBERG


O primeiro filme realizado por Steven Spielberg foi a excepcional produção feita para televisão “Encurralado”, de 1971. Já nesse primeiro trabalho era possível dizer que o cinema estava diante de um talento incalculável.

Analisando a obra do cineasta é possível constatar que, assim como seus amigos Martin Scorsese, George Lucas, Brian De Palma e Francis Ford Copola, ele se trata de um apaixonado pela sétima arte, um verdadeiro nerd do cinema. Fato comprovado pelas suas duas produções recentes, “Cavalo de Guerra” e “As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne”.

CAVALO DE GUERRA

Contradizendo a maioria das críticas preciso dizer que gostei, e muito, deste épico de Spielberg.

Inspirado no livro de Michael Morpurgo, o filme acompanha a odisséia do cavalo Joey durante a Primeira Guerra Mundial. Esteticamente Cavalo de Guerra é um filme à moda antiga, onde ele utiliza a magnífica fotografia de seu parceiro Janusz Kaminski, para fazer uma bela homenagem ao cinema de mestres como John Ford e David Lean.

Freqüentemente acusado de sentimentalismo o cineasta destila aqui aquilo que prefiro entender como humanismo, assumindo todos os riscos que isto significa na nossa sociedade sínica e arrogante.

AS AVENTURAS DE TINTIM

Criado pelo cartunista belga hergé no final da década de 20, o jornalista tintim povoa a mente de steven spielberg a mais de 30 anos. Ele esperou o momento e a técnica exata para criar um filme esplêndido.

Em seu “As Aventuras de Tintim: O segredo do Licorne”, ele uniu duas histórias diferentes do personagem em uma só. A trama mostra o jornalista investigando o mistério em torno de uma réplica de um navio chamado Licorne. A busca leva ele e seu cão Milu a conhecerem o Capitão Haddock, e juntos precisam encontrar o segredo que a miniatura guarda antes do maléfico Rackham.

Tintim marca também a união de dois gênios da engenharia cinematográfica, Steven Spielberg e Peter Jackson. Realizado com a técnica de motion capture, a mesma que deu vida ao Gollum de “O Senhor dos Anéis”, a animação consegue se aprimorar onde outras produções falharam, seus personagens possuem expressões faciais e corporais extremamente realistas.

Acima de qualquer coisa “As Aventuras de Tintim” é um retorno do cineasta ao gênero que o consagrou no início de sua carreira, ou seja, um cinema que abraça sem reservas a inocência das cinesséries da década de 30 e 40.

Para quem gosta de cinema, do bom cinema para ser mais exato, ter Steven Spielberg de volta às telas é mais do que uma oportunidade de ver o trabalho de um mestre, é um privilégio.