Wednesday, March 04, 2009

Super Bowl + Bruce Springsteen = Vida longa à boa cultura americana

Às vezes a gente quer falar sobre muita coisa ao mesmo tempo e acaba não conseguindo falar de nada. Vou tentar em poucas linhas abordar sobre três assuntos, que em princípio, não parecem ser relacionados, mas para quem assistiu o maior evento esportivo dos Estados Unidos perceberá que existe uma relação significativa entre eles. O grande jogo entre Pittsburgh Steelers e Arizona Cardinals; o show do intervalo que ficou por conta do grande ídolo da música americana Bruce Springsteen; e o novo disco do The Boss – carinhoso apelido de Springsteen, que evidencia a adoração que o público americano tem pelo cantor.
O blog tem como principal objetivo analisar e abordar temas relacionados à cultura. E nada mais cultural para o norte americano do que o Futebol Americano, um esporte que está relacionado diretamente à política adotada pelos Estados Unidos, pois tem como principal meta o ganho de território e a expansão dos limites de espaço. Existe a contrapartida, evidentemente, que é impedir que o seu terreno seja invadido. Portanto, nada mais americano do que isso. Mas, querem saber a verdade? Eu adoro esse esporte, e o Super Bowl XLIII foi um dos eventos esportivos mais emocionantes que eu pude acompanhar. Um jogo cheio de variantes e que só foi decidido no final do último quarto.
É verdade que deu a lógica, mas o poderoso e mais vitorioso time da NFL suou para bater o azarão Arizona Cardinals pelo placar de 27 x 23. Destaques para James Harrison, dos Steelers que através de uma interceptação, conseguiu o touchdown de retorno mais longo da história; Santonio Holmes que conseguiu recepcionar uma bola difícil, dando a vantagem final para o time de Pittsburgh e, claro, Ben Roethlisberger, quarterback que demonstrou frieza e bastante técnica ao conseguir reverter uma vantagem no placar que parecia quase impossível. Os Cardinals tiveram como destaque o experiente quarterback Kurt Warner e o excelente wide receiver Larry Fitzgerald, que por pouco não conduziram a equipe de Arizona ao título. Mike Tomlin igualou o feito de Tony Dungy (Indianapolis Colts), sendo o segundo técnico negro a se sagrar campeão do Super Bowl. Enfim, um grande jogo!

Mas onde entra Bruce Springsteen? O leitor deve estar se perguntando. Entra no show do intervalo, esse sim, digno de receber essa nomenclatura, pois, durante aproximadamente 15 minutos, o the boss conseguiu fazer o público esquecer o jogo que estava acontecendo. O destaque ficou por conta da música Working on a Dream, homônima ao novo álbum, que destaca o momento político que os Estados Unidos vêm atravessando. Barack Obama vem, de fato, trabalhando por um sonho e essa música é a grande trilha sonora desse personagem que pode mudar o desnorteado rumo tomado pelos Estados Unidos. Na entrevista coletiva, Springsteen, acostumado com shows de mais de três horas de duração, sugeriu que o público se sentisse como se tivesse errado o caminho e chegado apenas nos 15 minutos final de apresentação. Na verdade foi mais ou menos isso que aconteceu, pois o clima foi bastante de grande intensidade.

Trabalhando por um sonho

Colocando os pingos nos is, devo dizer que não sou profundo conhecedor da obra de Bruce Springsteen. Conheço, sim, as músicas mais batidas e que são ótimas, como, por exemplo, “Born in the USA”; “Born to Run”. “Dancing in the Dark”, entre outras. “Working on a Dream”, lançado no início desse ano, é o 24º disco do cantor, o que convenhamos não é pouca coisa. Não se trata de nenhuma obra prima, mas podem ter certeza que a marca registrada do americano está presente: Músicas, aparentemente simples, mas com um ótimo balanço; arranjos bem feitinhos e um estilo de rock que em vários momentos apresenta uma levada meio country, ou seja, nada diferente daquilo que estamos habituados a ver Bruce Springsteen fazer. Exatamente, por esse motivo, vale uma conferida, principalmente pela música “Working on a Dream”, que, como eu já havia dito, é uma síntese do sentimento americano contemporâneo. Outros destaques ficam por conta de “Queen of the Supermarket”, “Good Eye”, (Rock de primeira qualidade bem old school); “Kingdom of Days” e “Surprise, surprise”. As outras não são necessariamente ruins, mas não me chamaram a atenção. Agora, abrir um cd com uma música insossa como “Outlaw Pete” e fechar com uma tão estranha, no mau sentido, como “A Night With The Jersey Devil” é uma falha quase que imperdoável. Apesar desses pormenores, o novo trabalho do “chefe” é agradável aos ouvidos.

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